Cinema na Caixa – Futuros Distópicos Parte 2

Completando o post especial sobre histórias distópicas, venho com a segunda parte da lista. Nela, incluo aqueles que considero os melhores dentre os melhores desse assunto. No final, comento sobre alguns filmes que decepcionaram aqueles que os aguardavam, e também não conseguiram agradar nem os que não sabiam de sua existência até antes da estréia.
Para começar, os melhores:

Laranja Mecânica (1971) – “A Clockwork Orange”
Um dos filmes mais pesados e cruéis sobre a “evolução” da mentalidade humana e suas conseqüências no futuro. Alex (Malcolm McDowell) e seus “drugues” passam a maior parte do seu tempo praticando a “Ultra Violência” nas ruas. Até que um dia, seus companheiros o traem, e ele acaba sendo preso. Após ser submetido a diversas experiências, ele é solto por ser diagnosticado como “curado”. Experiências essas, que contribuem ainda mais para o clima psicologicamente perturbador que se presencia durante todo o filme.

Com seqüências antológicas, a obra de Stanley Kubrick é impecavelmente bem criada, dirigida e finalizada. Roteiro, fotografia, trilha sonora e atuações fazem de “Laranja Mecânica” algo que deve ser assistido por diversas vezes. A adaptação do livro de Anthony Burgess possui caracteristicas particulares, como por exemplo a linguagem utilizada pelos drugues em suas conversas e toda a ambientação e decoração dos lugares frequentados pela gang de Alex.

De toda a lista, considero essa a melhor indicação (além de todos os fatores já discutidos anteriormente) devido à sua importância na história do cinema e pela ousadia de criar tais imagens naquela época, e que chocam até hoje.

Wall-e (2008)
Pixar marcando presença! O estudio que nos trouxe diversas ótimas histórias (“Toy Story”, “Monstros S.A.”, e mais recentemente “Up”), em 2008 mostrou que também consegue discutir sobre assuntos sérios em suas animações sem perder a magia, sempre presente nelas.

O carismatico robozinho chamado “Wall-e”, tem a função de limpar o planeta Terra para que, quem sabe um dia, os humanos possam reabitá-lo. Até que um dia, ele encontra e se apaixona por Eve, um novo robô enviado à Terra pelos humanos.

O filme possui características ousadas, como o fato da história ser basicamente sobre um romance entre robôs, e por conter poucos diálogos. Contendo um ótimo visual e um enredo divertidíssimo, o filme consegue tirar várias risadas dos telespectadores, além de emocionar bastante nos momentos românticos entre a dupla principal. Uma crítica sutil, porém extremamente eficaz, sobre o rumo que a humanidade tomou (e ainda toma) durante todos esses anos.

Filhos da Esperança (2006) – “Children of Men”
Cenas de ação rápidas e emocionantes, e boas sequências dramáticas. É isso que se vê nessa história, que nos mostra um futuro caótico e sem esperança.

Algo inexplicável faz com que todas as mulheres fiquem impossibilitadas de terem filhos. A pessoa mais jovem no mundo tinha 18 anos, e acaba de morrer. Um número exorbitante de imigrantes são deportados todos os dias da Inglaterra. Revoltas, terrorismo, condições desumanas. Caos. É nesse mundo que, milagrosamente, uma menina imigrante, engravida. Aos cuidados de um grupo revolucionário, ela precisa ser protegida, caso ainda queiram que a humanidade tenha alguma esperança, e claro, lucrar com a situação.

Uma das melhores ambientações já criadas sobre um mundo em conflito, traz uma fotografia maravilhosa, boas atuações e um ótimo roteiro. As câmeras usadas e o estilo de filmagem são perfeitas em determinadas cenas e conseguem manter o clima do filme do começo ao fim.

Apesar de na época de lançamento ter causado uma pequena repercussão por aqui, é um ótimo filme e que merecia uma maior atenção.

Matrix (1999)
Apesar de não ter sido um grande sucesso de bilheteria, principalmente quando comparado aos números obtidos pelas suas continuações, Matrix é, de fato, o filme dessa lista que ganhou a midia por mais tempo.

Seus efeitos visuais impecáveis revolucionou o cinema no final da década de 90. Além de trazer de volta aos holofotes o ator Keanu Reeves, interpretando ‘O Escolhido’ Neo, revelou a talentosa dupla de irmãos cineastas, Wachowski.

A história repleta de inumeráveis referências, e influenciada por outras obras e teorias, trazem ao espectador uma bagagem cultural diversificada que dificilmente se vê em obras cinematograficas desse gênero. A verdadeira realidade, que nos é apresentada após Neo decidir tomar a pilula vermelha, traz a chocante informação de que o mundo, na verdade, é dominado por máquinas. Cabe aos integrantes da resistência humana, a grande minoria que não vive no eterno “sonho virtual” construido pelas máquinas (será?), que é a Matrix, reverter a situação e salvar a humanidade. Matrix se tornou um dos melhores filmes dentro de sua categoria e da história do cinema moderno.

1984 (1984)
Adaptação homônima da obra prima do escritor George Orwell. Michael Redford (diretor e roteirista) consegue extrair a espinha dorsal do livro, e a partir dela, criar um filme que passa a sensação (senão a mesma, muito próxima) que Orwell impôs na sua história.

Em 1984, Winston Smith (John Hurt) vive numa sociedade oprimida pelo governo totalitário do seu estado. A obrigatória adoração pelo ‘Big Brother’, e por ter que aceitar tudo o que é dito por ele; Ser impedido de escrever e ir em certas áreas das cidades; e de sempre estar sendo observado em casa, no trabalho e nas ruas, por uma “TV” que não se pode desligar. Entre outras, essas leis e custumes estão presentes por um óbvio motivo: o controle absoluto da população.

Além de ter uma ótima história e de prender a atenção do começo ao fim, é um filme que te faz refletir que, atualmente, nossa realidade não é muito diferente dessa ficção. Apenas mais sutil.

12 Macacos (1995) – “Twelve Monkeys”
Outra obra de Terry Gilliam. Dessa vez a viagem não é (apenas) surrealista, e sim no tempo. Num futuro onde boa parte da população foi devastada por um vírus mortal, James Cole (Bruce Willis) volta ao passado para entender o que realmente aconteceu.

Em meio a grupos terroristas, loucos, cientistas, hospícios e muitas perseguições, o filme traz um clima Noir que te deixa desnorteado e, principalmente, curioso durante toda a projeção. Um mistério envolvente, com ótimas cenas de ação e tensão.

Com destaque para a atuação de Brad Pitt, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, como o insano Jeffrey Goines. Um personagem nada previsível e que contribui de forma genial para o (des)enrolar da trama.

DECEPÇÕES

Ensaio Sobre a Cegueira (2008) – “Blindness”
Após sua péssima estréia em Cannes, o diretor Fernando Meirelles resolveu retirar algumas cenas pois o filme foi considerado demasiadamente impactante. E, por sua vontade de evitar polêmica, resultou na decepção de quem esperava por um filme forte.

A história, que é baseada na obra de José Saramago, começa quando uma epidemia de cegueira assola no mundo. Ao tentar minimizar a contaminação da doença desconhecida, o governo decide colocar os infectados em quarentena. Porém, no meio dessas pessoas isoladas do mundo, apenas uma mulher permanece com a visão intacta.
O livro “Ensaio Sobre a Cegueira” discute sobre os valores e questões que dizem respeito à sociedade, e o que as pessoas são capazes de fazer para sobreviverem e se darem bem numa situação caótica como essa.

Apesar do roteiro ser muito bom, e da produção ser de alto nível, o resultado final deixou um ar de “faltou algo” para atingir a expectativa. E sinceramente, não acho que são apenas as cenas cortadas pelo diretor de “Cidade de Deus” que deixaram o filme fraco. Certamente as atuações, se tratando de um drama, necessitaria de melhores interpretações, e de personagens marcantes para ser mais convincente.

Mesmo com determinadas falhas, o filme vale a pena ser visto, pois não é um disperdício de tempo. Mas não espere pelo filme que prometeram.

9 (2009)
Os trailers de 9, demonstravam que a animação teria um visual muito criativo, com boas cenas de ação, personagens interessantes, e um bom enredo. Mas ao assisti-la, percebe-se que é bem diferente.

O visual é, sem dúvida, muito bom. Porém, não o suficiente para segurar sua atenção durante todo o filme. Os personagens foram bem criados apenas por fora, já que nenhum demonstra uma personalidade diferente ou marcante.

A premissa é interessante. Num mundo onde não existem mais seres vivos, restaram apenas máquinas e os bonecos criados por um cientista. Ao acordar, o boneco chamado 9 encontra alguns seres semelhantes a ele. Indo contra as ordens do líder dos bonecos, 9 convence os outros a ir atrás do boneco raptado pelas máquinas.
O desenrolar dessa história acaba por não ser interessante, e falha por ser simplista demais. Já que a idéia era diferente e original, o roteiro também teria que ser. Durante o filme, por diversas vezes, você fica com aquela sensação de que algo “aconteceu do nada”. Se por um acaso você ainda não assistiu a esse filme, saiba que não está perdendo nada.

10 comentários sobre “Cinema na Caixa – Futuros Distópicos Parte 2

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  • terça-feira, 11 de maio de 2010 at 13:18
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    12 Macacos eu vi mas não lembro quase nada (só do Bradd Pitt ser retardado)

    Wall-E eu quase dormi… Esse 9 nem me interessa. Os outros eu queria ver, só pra ver mesmo… Laranja Mecânica e 1984 são clássicos tanto em filme quanto em livro!

  • terça-feira, 11 de maio de 2010 at 16:19
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    Post muito bom, mas discordo sobre o que foi dito sobre Ensaio sobre a cegueira. Não li o livro, mas achei o filme realmente bom.

  • terça-feira, 11 de maio de 2010 at 22:27
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    Eu ahcei 9 e Wall-e do caralho. O 9 podia realmente ter aprofundado mais os personagens, deu pra perceber que cada um tinha uma personalidade diferente sim, mas ficou só no “esboçco”
    Laranja mecanica eu assisti e a unica coisa que eu pensei o filme todo foi “A falta que um .45 não faz… muito mais economico e resolve o problema de falta de p**** desse filho duma p****”.
    Ensaio sobre a cegueira a mesma coisa. Demorarma muito até resolverem matar quem devia morrer, larga a mão de ser mole, vai sofrer atoa?!
    E sim, eu ODEIO filme de drama porque eu sempre acho que todo mundo sofre atoa.

  • quarta-feira, 12 de maio de 2010 at 9:46
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    Laranja Mecânica é clássico, assim como 1984. Wall-E é bobo, mas é bonitinho e confesso que a trama é inteligente. Filhos da esperança é muito bom, principalmente as cenas de ação, todas coreografadas e várias de tomada única. 13 Macacos não diria que é um filmão, mas vale a pena ser citado porque é diversão garantida. Ensaio sobre a cegueira é bonito demais da conta. 9 podia ser ótimo, mas decidiram fazer um filme curto e sem justificativas no enredo.

    Ótima seleção, seu Nacaixa! 😉

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  • domingo, 16 de maio de 2010 at 12:25
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    Pq todos confundem 9 com District 9?

  • quarta-feira, 9 de junho de 2010 at 20:05
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    wall-e apesar de ser um filme infantil apresenta vários problemas que são muito comentados.1984 e a laranja mecânica são muito bons e é dificil ver o filme sem pensar sobre a história

  • quarta-feira, 19 de setembro de 2012 at 23:09
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    lindo.lindo.lindo é o q tenho p/dizer sobre filhos da esperança mas como pudemos esquecer de exterminador do futuro?