Como foi a Comic Con Experience 2016
Quando alguém pergunta como é a Comic Con Experience é difícil dar uma resposta satisfatória. Caso esse pessoa seja assídua na cultura pop, a primeira comparação que pode ser feita é com a Brasil Game Show, que tem um porte aproximado e mexe praticamente com apenas um dos galhos dessa árvore nerd. Comparar esse evento com qualquer outro do circuito de animes, como Anime Friends, é uma ofensa imensa, já que o nível das atrações e do alcance dos eventos é bem superior.
O evento fez história e se consolidou no país, acredito que daqui para frente será uma tradição a ser levada. Eles aprenderam muito com o passado, vários erros foram corrigidos, mas ainda há muito o que fazer pela frente. Essas foram as nossas impressões da Comic Con Experience 2016.
Show Floor
Os stands estavam simplesmente magníficos. A evolução das atrações e do porte delas desde o ano passado estava evidente. As maiores empresas do evento como Warner, Marvel, Disney, Netflix, Sony, Hasbro e Fox investiram pesado nesse quesito, montando estruturas com telões, mini-palcos, exposições e programação própria. Só a possibilidade de você passear no stand, tirar fotos e ver cenários, artigos de cenas e até personagens dos filmes já era agradável, participar das atividades era melhor ainda.
Além delas, o evento foi um prato cheio para colecionáveis. A começar com a exposição Tamashii Nations que traz as últimas novidades do mercado da fabricante Bandai. A presença de lojas especializadas no país todo foi marcante, em stands cada vez mais bonitos e chamativos. Infelizmente os preços foram motivo de outra polêmica, sendo que muitas vezes ficou constatado que alguns valores praticados eram significantemente maiores que os valores presentes na própria loja online das empresas. Muitas compras neste caso são feitas no puro frenesi do momento, mas ainda é uma verdade que o poder para fazer as ofertas ficarem mais agradáveis ainda é do consumidor.
Entrada e Filas
O evento cresceu, seu público também, mas o seu local ainda não. A quantidade excessiva de filas foi um assunto recorrente, sendo que elas podiam ser encontradas em quase todos os stands e até nos bebedouros. A organização da CCXP já entendeu que dividir suas atrações mais épicas dilui os nerds no evento, mas o crescimento do público foi claramente maior que a das atrações. O local onde foi realizado o evento está em reforma, isso foi até motivo para alguns atrasos e empecilhos na entrada dos convidados e dos expositores, mas se pensarmos que no próximo ano teremos um pavilhão bem maior, deixa tudo mais compreensível.
Artists’ Alley (contribuição de Lucas Dias)
Sendo apreciador de quadrinhos, fiquei maravilhado com tudo que tinha no Artists’ Alley. Foram muitas mesas e mais de 300 artistas expondo e vendendo seus trabalhos pessoalmente, cara a cara com você. Além dos quadrinhos, os outros produtos vendidos como posteres e prints eram um show à parte. Infelizmente não foi possível visitar todas as mesas e nem comprar tudo que tinha lá, mas a cada artista prestigiado minha satisfação aumentava.
Todos os artistas com quem eu conversei, fossem eles pessoas que eu já conhecia pessoalmente, que conhecia apenas por nome ou que passei a conhecer naquele momento, foram extremamente simpáticos, receptivos e carinhosos, todos tinham um sorriso no rosto e ficavam felizes em assinar os trabalhos, adquiridos ali ou trazidos de casa, com dedicatórias e sketches pra cada HQ.
Celebridades, Fotos e Autógrafos
A presença de personalidades da cultura pop aumentou também desde o ano passado, e por conta disso a organização está de parabéns. As reclamações que acercavam a organização das filas, entrada nos painéis e sessões de autógrafos eram constantes, sempre em torno de horários e falta de informações dos stafs. Uma coisa ficou clara: Nem a organização e nem o público brasileiro está pronto para receber celebridades desse calibre nesse tipo de evento. A organização poderá melhorar, mas o público eu duvido muito.
Obviamente que a presença desse tipo de personalidade no Brasil é muito mais pesada em comparação ao seus países de origem. Junte isso à um público pronto para gastar o seu dinheiro e eufórico por nunca ter tido acesso a esse tipo de oportunidade, o resultado disso é correria, gritaria e desordem, elementos que não combinam com grandes quantidades de pessoas.
Auditório e Painéis
Os comentários que posso tecer sobre o auditório são graças à coletiva de imprensa, porque se não fosse por ela eu nem saberia que cor ele era por dentro. A parceria com o Cinemark fez bem, ar-condicionado, mais lugares, platéia em forma de arquibancada, 3 telões de ótima qualidade, transmissão multi-câmeras e por aí vai, realmente, parabéns pela estrutura.
O conteúdo estava de primeira, mostrando uma ótima evolução desde o ano passado. Mais convidados, mais temas e muitas novidades. Mas infelizmente eu não tive a coragem de encarar as filas para adentrar ao auditório, simplesmente não consegui trocar horas do evento por um painel com novidades e atores famosos.
Veredito
Foi provado que o nerd brasileiro tira dinheiro de onde não tem para gastar com o que gosta. O que o Omelete e toda a organização da Comic Con Experience tem em mãos é uma forma de financiar todo o avanço da cultura pop no país, trazer o que há de melhor lá fora e incentivar nossas próprias produções. O evento foi um sucesso, e as pessoas que acreditaram nele e que saíram satisfeitas foram a imensa maioria, então acredito que essa confiança precisa ser retribuída pelo evento nos anos seguintes com responsabilidade, aprimoramento e, acima de tudo, respeito constante com o seu público.
Parabéns por outro sucesso.